sexta-feira, 3 de junho de 2011

Com o camisa 10, seria perfeito !!!

“O Santos é o Brasil na Libertadores”.

A frase de efeito nem sempre cabe, mas hoje é uma verdade. Na noite de quarta foi como se assistisse ao meu tricolor calando a torcida no Monumental de Nuñez com grande atuação de Amoroso. Lembrei até do sofrimento que senti durante os jogos com o Once Caldas, que culminou com a eliminação em pleno Morumbi.

O Santos era o meu tricolor naquele momento. Torci com o coração para que Neymar, Elano, Arouca e companhia saíssem finalistas daquela gaiola paraguaia. E saíram, graças aos deuses da bola. Só tem um porém: senti falta do camisa 10, daquele que trouxe de volta aos gramados a classe e categoria típicas de meias armadores de 25, 30, 50 anos atrás.

Li recentemente uma entrevista do Paulo Henrique Ganso no Valor Investe sobre investimentos do dinheiro ganho com o futebol, os planos para a carreira no exterior e o desejo de ser médico após pendurar as chuteiras. O jogador de apenas 21 anos já faz investimentos enormes no setor imobiliário, espera vestir uma das grandes camisas da Europa e quer realizar o sonho de disputar a Copa do Mundo de 2014. Se possível ao lado do ídolo Kaká. Desejos mais do que justos. O que não me conformo é ver um jogador desse nível fora dos gramados.

Imaginem como teria sido o jogo de volta da semifinal se o Ganso estivesse em campo. Naquele sufoco vivido em Assunção, um toque de gênio, uma matada de bola para acalmar os ânimos, uma enfiada de bola para a dupla Neymar/Zé Love acabar com as esperanças paraguaias e matar o jogo com um quarto gol.

Quando a Copa Libertadores terminar, acho que os santistas vão comemorar como nunca porque os uruguaios não são páreos para o time da Vila Belmiro, apesar da tradição e do longo tempo que o Peñarol está sem vencer a copa continental. Da última vez que se enfrentaram em uma final foi em 1962 e deu peixe na cabeça !

A possibilidade em si já me faz viajar... Imaginem se o Ganso puder comandar as ações dentro de campo. Imaginem se o peso da responsabilidade sair das costas do Neymar e ser dividido com o camisa 10. Imaginem o alvinegro praiano jogando com muito mais opções de saída de jogo, com o meio de campo desafogado e o ataque encurralando zagueiros e laterais inimigos, pasmos e boquiabertos com o companheiro do melhor atacante que joga por essas bandas.

Como seria bom poder ver tudo isso.

Imaginem então o Santos de Neymar e Ganso enfrentando o Barça de Messi, Iniesta, Villa, Xavi lá no Japão.

Imaginem...

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Nossa (triste) realidade

Digo isso, meus amigos, após testemunhar com dor no coração e não acreditar no que vem acontecendo no mundo do futebol. Blatter reeleito, Ricardo Teixeira absolvido, João Havelange incólume e sem ser incomodado. Nada muda, apenas timidamente como disse o PVC.

E o que isso tudo diz respeito a mim, a você? Diz respeito a todos nós, torcedores e entusiastas do esporte mais popular do planeta. Só de pensar que tudo começou há anos atrás, quando aquele fatídico evento de escolha da sede de 2014 confirmou o que todos nós já sabíamos. Não que eu seja contra a Copa no Brasil, mas não fico nem um pouco empolgado diante de toda a falta de vergonha na cara no que lemos, vemos, ouvimos e temos que aguentar todos os dias. Estamos nas mãos de um império de hipócritas de estrutura tão sólida que nem documentário da BBC consegue balançar. Lá no Olimpo não há crise, apenas alguns pequenos problemas a serem resolvidos.

Devíamos estar de caras pintadas. Diante de tanta sujeira jogada pra debaixo do tapete, devíamos continuar esperando e fazendo o que nos é possível para termos a honra de receber pessoas de todos os lugares do mundo para confraternizar em nome do futebol? Só de imaginar a felicidade daqueles que lucram e vão lucrar cada vez mais com tudo isso...


Eu imagino até um desses membros da “bancada da bola” no legislativo discursando em plena assembléia, tratando desses assuntos como “especulações e acusações levianas por parte da imprensa e da opinião pública”. Tanto é que fiz um pequeno esboço do discurso.

Vê se você concorda comigo:

“Senhoras e senhores, eu peço um minuto da atenção de todos para refletirmos sobre os grandes acontecimentos positivos ocorridos nesses últimos tempos, todos relacionados a uma de nossas maiores paixões.

Sim, temos muito que comemorar, ilustres colegas! A idônea e singular nave-mãe do futebol escolheu nessa quarta seu novo comandante. Dos 203 votos em disputa, o atual presidente Joseph Blatter recebeu 186 a favor e ficará mais 4 anos à frente da entidade que abraça e protege o futebol mundial. Mohammed Bin Hamman, presidente da Confederação Asiática de Futebol e membro do Comitê-Executivo da FIFA, desistiu da eleição e foi suspenso pelo Conselho de Ética da entidade por tentar comprar votos.

Já o nobre companheiro, presidente da CBF, foi absolvido de todas as acusações de suborno, mesmo depois da exibição daquele documentário da BBC que trouxe à tona detalhes dos bastidores da FIFA. Praticamente metade dos membros do Comitê-Executivo da entidade e alguns chefes de confederações e órgãos ligados ao futebol foram citados em casos escusos de corrupção. Porém, nosso digníssimo parceiro foi inocentado e pode voltar a pensar sossegado na sucessão presidencial de 2015.

As obras do estádio do Corinthians começaram nesta última segunda, dia 30 de maio, na capital paulista. A terraplanagem do terreno do Itaquerão deve levar 90 dias, iniciando mais de 30 meses de trabalho árduo, tudo isso visando o cumprimento do prazo de construção do estádio-sede do jogo de abertura da Copa de 2014, podendo até ser concluído antecipadamente, segundo o engenheiro responsável pela obra e se depender de nosso empenho em adiantar as coisas.

Por fim, a excelentíssima senhora Dilma anunciou na terça passada que as obras de 3 aeroportos serão privatizadas, incluindo Cumbica, mostrando que o poder executivo está sim preocupado com o andamento das obras de infraestrutura necessárias para a Copa e as Olimpíadas, eventos de suma importância aos nossos planos eleitorais.

Caros colegas, deixo aqui registradas minha satisfação e alegria por todas as conquistas alcançadas e por todas que se seguirão. Podemos enfim dizer que nosso país cumpre e cumprirá com o papel de competência e dignidade, servindo aos interesses de todos.”

Triste, mas nada surpreendente. Nada disso é novidade para nós, não é verdade?

Mostrando lisura e honestidade tão habituais, representantes do Senado Federal criticaram tais atitudes da CBF.

Mas, afinal de contas Sr. Álvaro Dias, nosso dinheiro não está sendo utilizado nas obras dos estádios, certo?

As licitações acontecem de maneira transparente, não é mesmo?

E todos os administradores públicos e chefes das confederações de futebol encarregados estão empenhados em defender os interesses do povo brasileiro para que nada atrapalhe a execução das obras públicas necessárias para o Brasil cumprir seu papel em 2014, concorda?

Então, não perca tempo com críticas infundadas. Está tudo sob controle.

Como sempre...

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