segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

FENOMENAL

Em 20 anos de carreira, defendeu 8 clubes e conquistou 18 títulos. Foi considerado o melhor jogador do mundo por 3 vezes, é o maior artilheiro em Copas com 15 gols marcados. Seis títulos pela seleção brasileira, incluindo dois em 4 participações em Copas do Mundo e a medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta em 1996. Campeão Mundial Interclubes pelo Real Madrid, campeão da Copa da UEFA pela Inter de Milão, campeão paulista e da Copa do Brasil pelo Corinthians, entre outros títulos importantes. Esse é o Ronaldo Fenômeno, que entra na sala de imprensa, mexe em seu celular e em um notebook enquanto aguarda pela entrada de seus filhos e do presidente do Corinthians, Andres Sanchez, para anunciar sua aposentadoria dos gramados.


Visivelmente emocionado, o craque tenta seguir uma linha de raciocínio para dizer adeus. Alguns motivos são de conhecimento geral, o vai e vem de contusões, gerando muitas dores em consequência e a turbulenta situação vivida nas últimas semanas.

Ronaldo surpreende os jornalistas, declarando sofrer de hipotireoidismo há pelo menos 4 anos, causa maior da falta de condicionamento físico. Agradece aos clubes por onde passou, aos atletas que foram companheiros dentro e fora de campo, mas agradece especialmente aos corintianos que, apesar da agressividade mostrada nos últimos dias, é a torcida mais apaixonada que o craque conviveu durante a carreira.

O Fenômeno vem às lágrimas quando pede desculpas a nação corintiana pelo fracasso no projeto da Libertadores e recupera o fôlego para dizer que sempre estará por perto, levando o nome do Timão para todos os cantos do mundo, como "embaixador institucional". O camisa 9 mais completo de sua geração admite que foi derrotado pelas constantes dores, sentidas a todo momento até quando simplesmente sobe escadas. Os últimos dias foram difíceis, classificadas como se estivesse em "estado de UTI".

Esse é o Ronaldo que vi jogar, que me fez sentir orgulho de ser brasileiro, que me deixou de cabeça inchada quando humilhou meu tricolor em pleno Morumbi e que me emocionou diante da humildade e sinceridade com que, de coração partido, se despede do mundo do futebol.



Minha primeira lembrança remete a 1993, quando o centroavante do Cruzeiro, com apenas 17 anos, marca 5 gols em uma mesma partida no Mineirão.

Lembro da timidez e alegria estampadas no rosto do jogador mais jovem da seleção, comemorando o tetracampeonato em 1994, após a disputa de pênaltis vencida contra a Itália.


Lembro de momentos mágicos do craque encantando o mundo, vestindo a camisa azul grená do Barcelona, em sua melhor fase da carreira, coroada com a premiação de melhor jogador do mundo por dois anos seguidos.

Lembro da frustração de toda a nação brasileira, após o massacre sofrido pela seleção na partida final da Copa de 1998 em Saint Deny, show protagonizado por Zinedine Zidane, levando a França ao topo do mundo do futebol pela primeira vez.


Lembro da dor que senti ao ver o osso do joelho do craque saltar aos olhos do mundo, no primeiro lance do jogo da Internazionale de Milão contra a Lazio em 2000 e da alegria ao ver o Fenômeno dar a volta por cima mais uma vez depois de 2 anos de muita garra até chegar a conquista da Copa de 2002, marcando gols em todos os jogos, incluindo os 2 na final contra a Alemanha de Oliver Kahn.

Lembro da decepção estampada no rosto do jogador com a eliminação precoce do Brasil no mundial de 2006, apesar de ter conquistado o status de maior artilheiro em Copas do Mundo, título ostentado até hoje.
Lembro da surpresa que tive quando o Corinthians anunciou a contratação do Fenômeno, passando a perna nas intenções do rubro negro carioca de ter o jogador em seu elenco em 2008. Lembro também de ter amargado a derrota do meu São Paulo na semifinal do Paulistão em 2009, primeiro campeonato conquistado pelo craque em 2009, ano de gol marcado e alambrado derrubado no primeiro derby disputado, além do título da Copa do Brasil e passaporte carimbado para a Libertadores do ano seguinte.

Lembro também dos atos covardes de falsos torcedores corintianos após a recente derrota sofrida pelo Tolima, mas não vou me alongar nesse assunto. Vou ficar apenas com as lembranças boas.
O amante do futebol que escreveu esse texto acima nunca esquecerá dos momentos emocionantes que você protagonizou e como fã do futebol arte, só posso dizer uma coisa:


Obrigado Ronaldo! Que os Deuses do Futebol te protejam sempre!

2 comentários:

  1. coisa linda, fernando! gosto de ouvir você falar de futebol porque sabe domar a paixão bairrista de clube. você é um dos poucos que coloca o futebol acima do time de coração. quantos são-paulinos, palmeirenses, santistas não têm atacado ronaldo desde que ele vestiu o uniforme alvinegro? gente que diz que 'ele nunca foi tudo isso' e outros absurdos. e tenho certeza que muitos corinthianos teriam feito o mesmo se ele fechasse com outro time.
    ronaldo está acima de clubes! é ídolo para qualquer amante de futebol, da arte maior e pura do esporte. os cegos clubistas estão deixando de aproveitar um momento que será contado a nossos filhos e netos. que fantástico será se todas as estrelas brasileiras voltarem ao país, mesmo que for nos últimos anos de carreira, e derem ao menos os seis meses de paixão que ronaldo deu ao corinthians junto com os dois títulos de 2009! todas as homenagens ao fenômeno, provavelmente o melhor centroavante de todos os tempos!

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails