Almodóvar não faria tragédia maior

Não é só minha a sensação de surpresa com o resultado do último jogo da primeira rodada da Copa. A tão esperada avant premiére da fúria espanhola não passou de um susto de “fantasminha”, nas palavras de um repórter da Jovem Pan que infelizmente não me lembro quem era.

Digo até que estou decepcionado e não apenas com essa seleção. Tirando a Alemanha e momentos argentinos, sinto que as grandes favoritas se comprometeram muito com a primeira aparição na África do Sul. De cara, a Espanha põe a cabeça a prêmio e vai ter que entrar na Copa de verdade para não voltar pra casa mais cedo. Itália, França e Inglaterra estão na corda bamba e precisam desesperadamente de 3 pontos na segunda partida.

Já Holanda, Argentina e Brasil estão confortáveis na liderança dos respectivos grupos, mas não podem bobear. A vitória garante a passagem para as oitavas, mas o empate ascende o sinal amarelo e a derrota coloca os nervos à prova na última rodada. Façam as suas apostas, eu já estou com os palpites prontos...

A manchete do jornal esportivo espanhol “Marca” traz o sentimento de uma nação inteira e grande parcela dos admiradores do futebol: “Recuperação da modéstia” talvez seja drama demais, assim como dizer que os espanhóis amarelaram. Um time que chuta quase 30 vezes contra a meta adversária não pode ser acusado de covardia e sim de incompetência. Das 28 finalizações espanholas, somente 8 foram em direção ao gol.

Após o gol da Suíça, um colega de trabalho afirmou com todas as letras: “Eu aposto com qualquer um que a Espanha não faz mais gol na defesa suíça”. Ficamos discutindo sobre isso durante um bom tempo, em meio aos atabalhoados ataques desperdiçados. A sensação que tive durante uns 15 minutos foi de virada espanhola com olé. O tempo foi passando... Eu comecei a acreditar em um empatezinho chorado e a remota possibilidade de pressão total da Espanha nos minutos finais. E o tal colega ficava me olhando com cara de “Nostradamus” moderno a cada chute pra fora de Pedro, Fernando Torres e companhia. Quando acabou o jogo, ele disse: “Eu falei que a Espanha não ia furar a muralha suíça...” Meu caro amigo Diego, a defesa parecia um queijo suíço de tão furado. O que faltou foi categoria.

O que faltou então para não dar zebra? Pra mim, faltou em campo o mesmo que o Dunga não tem no seu banco de reservas: um meia de ofício para armar as jogadas. O pior é que o técnico Vicente Del Bosque tem o Fabregas no banco. Por que ele não entrou, não faço a mínima idéia. A fúria ainda tem plenas chances de classificar, inclusive em primeiro lugar. O time é bem montado e tem opções de banco suficientes para mudar a cara de um jogo. Mas é preciso usar as peças de maneira inteligente, né Del Bosque...