quarta-feira, 23 de junho de 2010

Dá para mudar o assunto?

Após 3 dias do fatídico jogo em que a seleção brasileira se classificou para as oitavas de final da Copa, o assunto mais importante ainda é o extra campo. A polêmica criada por Dunga, interrompendo a entrevista coletiva para interpelar o repórter da TV Globo Alex Escobar parece ser mais notícia do que os 3 a 1 contra a Costa do Marfim.

E é mesmo.

Mais importante do que a grande atuação do Luis Fabuloso. Mais importante do que a polêmica criada entre o evangélico Kaká e o ateu Juca Kfouri. Mais importante do que a punição ao árbitro francês Stephane Lannoy, por ter deixado a violência correr solta no jogo, pela expulsão injusta do Kaká e por ter visto o Luis Fabiano meter a mão na bola antes de marcar aquele golaço.

Não concordo que seja, mas é mesmo.

A notícia de que o técnico teria vetado entrevistas exclusivas com a reportagem da emissora após a coletiva foi confirmada pela própria Globo, em nota divulgada hoje. Não pensem vocês que o comandante da seleção brasileira estava fazendo justiça com as outras emissoras, usando da diplomacia para não privilegiar esse ou aquele veículo de imprensa. Dunga já e famoso por seu temperamento um tanto quanto perturbado em relação ao convívio com a cobertura jornalística de futebol.

Além do mais, democrático ele não é. As dificuldades diárias que a mídia enfrenta em Johanesburgo para cobrir o dia a dia da seleção são enormes. E escrevo isso sentado em frente à TV, na sala de estar da minha casa. Imagina só para quem está no Centro de Imprensa todo dia, agüentando as delicadezas do “professor”.

A origem do problema está nos idos de 1990, quando o “técnico da CBF” (perfeita descrição) ainda era jogador e fazia parte do plantel da seleção que disputou a Copa do Mundo na Itália. A equipe brasileira jogava taticamente de maneira nada tradicional para os nossos padrões, com 3 zagueiros, um deles atuando como líbero.

Pouco comum em times brasileiros e posicionamento tático “da moda” naquela época, o time verde e amarelo não teve boas atuações porque usava o esquema para resguardar a defesa ainda mais quando deveria ter o líbero em campo para surpreender os sistemas defensivos adversários, a exemplo do que Lottar Mattheus fez na Alemanha, grande campeã daquela Copa.

O time voltou ao Brasil, tachado de fracassado e perdedor e tentando digerir a eliminação, após derrota para a Argentina de Maradona e Caniggia. A seleção ficou conhecida como “time da Era Dunga”, por causa das características do então volante titular: lentidão, criatividade baixa e ousadia quase nula.

Na Copa seguinte, em 1994, o capitão do Brasil fez algo parecido com o que vimos no final do jogo contra a Costa do Marfim. Na ocasião, ele xingou todo mundo com a taça em mãos, soltando toda a raiva até então contida. Sobrou para quem estivesse na frente dele ou da TV, igualzinho ao que aconteceu no domingo.

Eu estou bem curioso para saber se o Júlio Baptista vai substituir o Kaká ou se vai sobrar um lugarzinho para o Nilmar. Queria muito saber quais as reais chances do Daniel Alves entrar como titular no lugar do Elano ou se a opção será o Ramires. Mas, nesse momento, nada disso importa tanto assim.
Quem sabe amanhã...

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